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Tunico Maciel - Campeão dos Sertões


Ele tem praticamente a mesma idade do Sertões e venceu pela segunda vez a principal prova off-road das Américas. Embora jovem, Tunico Maciel mostrou evolução na pilotagem e, sobretudo, na maneira de gerir uma competição longa como essa. O resultado dessa evolução trouxe a ele a segunda vitória consecutiva e a certeza de termos um novo nome na modalidade, que deve crescer e ganhar muita visibilidade nos próximos anos.

Você venceu novamente no ano passado o Sertões, então como foi a preparação para aquela nova edição?

A preparação para o Sertões é muito complexa e começa no ano que antecede a prova. Treinei muito e nos últimos quatro meses eu intensifiquei os treinamentos, com bicicleta, natação, musculação e moto. Foram de três a quatro treinos por dia, seis vezes por semana. Outra preparação importante é a parte psicológica, pois é um rali muito longo, duro e cansativo.

Em 2019 fiz diferente. Não deixei nada para fazer próximo ou na hora do rali. Fiz tudo que pude antecipadamente e me preparei muito. Assim, cheguei em Campo Grande (MS) com a cabeça no lugar e muito tranquilo. Tinha que apenas andar de moto e aplicar o que havia treinado.

A direção do Sertões mudou neste ano, com a passagem do bastão da gestão para uma nova equipe. O que mudou para os participantes?

A organização está de parabéns, mandaram muito bem no Sertões 2019! Toda a equipe que cuidou da estrutura fez um bom trabalho. Ganhamos mais visibilidade, mais mídia, e eles cumpriram o que prometeram: nos mostraram um Brasil que poucos conhecem. A parte técnica ficou nas mãos do Marcos Moraes, que sabe realmente agradar um piloto de rali. Ele e o Du Sachs, diretor de prova, escolheram um roteiro fantástico e fizeram uma planilha perfeita, passando bastante segurança para os pilotos e deixando todos nós com um gostinho de quero mais. O Sertões 2019 foi simplesmente um show, um verdadeiro rali, e mostrou que tem potencial para ser o maior do mundo.

Sabemos que foi um Sertões longo, com extensas especiais. Como foram os desgastes, digo de pneus, da moto, do preparo físico?

Foi a prova mais dura que já corri, e me preparei muito. O cansaço veio, mas um corpo preparado se recupera muito rápido. Larguei todos os dias com o corpo 100%. Os desgastes no equipamento foram grandes, mas nada que minha CRF 450RX não tirasse de letra. Fui campeão no ano passado com essa moto e isso mostra que a RX chegou pra ficar, é muito competitiva. Utilizo pneus da Michelin específicos para rali, que proporcionam muito bom desempenho. Só tenho a agradecer a todos os meus patrocinadores e aos produtos que eles me fornecem. Tenho certeza que eles fizeram a diferença para a conquista do título.

Com a concorrência acirrada, inclusive na própria equipe, que tem dois pilotos campeões do Sertões, Jean Azevedo e Gregorio Caselani, qual foi a estratégia vencedora?

A estratégia foi achar um bom ritmo, andar seguro e não desgastar o equipamento. E deu muito certo. Posso falar com todas as palavras que eu administrei muito a minha prova. Acelerei onde precisei e mantive um bom ritmo em outros lugares. A disputa com esses grandes nomes é muito gratificante, são grandes pilotos e grandes pessoas. Nossa disputa é sadia e muito boa, e com mesmo objetivo de levar a Honda para o lugar mais alto do pódio. Mas das trilhas vai ter um campeão.

Comparando com a motocicleta da primeira vitória, em 2018, quais foram as alterações realizadas para a prova no ano passado? Usei o mesmo modelo de 2018, a CRF 450RX. A minha moto é original, apenas com preparação na suspensão, feita pela Race Tech. Nas adaptações para o rali, a gente coloca a torre de navegação e os tanques, para maior autonomia. O meu mecânico, Pablo Vilas Boas, é muito dedicado e cuida muito de mim e da minha moto, e não só nas corridas, mas em todos os treinos e durante o ano todo. Tenho muito que agradecer à toda equipe, mas queria deixar esse agradecimento especial para o Pablo.

Ainda sobre a moto, muitos leitores têm curiosidade para saber alguns números de consumo em uma prova longa como essa...

Nossa equipe é composta por quatro pilotos, no total somos 16. Temos um caminhão, um motor home e dois carros de apoio. Sim, posso divulgar alguns números: 2.500 litros de gasolina para as motos, 8.000 litros de diesel para os caminhões e carros de apoio e 56 pneus para as motos. Entre outras curiosidades, destaco os 250 quilos de alimentos, 700 litros de água para consumo da equipe e 250 peças de uniforme para todos os integrantes da equipe.

Quando falamos em desgaste, é impossível não lembrar das etapas maratona, que em 2019 foi no Jalapão. Como foi a temida passagem por essa região? O desgaste foi mesmo intenso? Há etapas piores?

O maior desgaste da maratona é mental. Antes, minha concepção era que a etapa maratona era um bicho de sete cabeças, mas de alguns anos pra cá, vi que todos os dias têm de ser como se fosse uma etapa maratona, cuidando do equipamento para chegar 100% no parque de apoio. Especialmente neste ano, a etapa maratona foi muito desafiadora. Foram mais de 800 quilômetros contra o relógio e sem ajuda dos mecânicos. O Jalapão sempre é desafiador, mas é um dos lugares que mais me sinto à vontade para acelerar. Larguei nessas duas etapas com um bom ritmo e fiz o que precisava fazer.

Em qual etapa você abriu vantagem suficiente para administrar e conquistar a vitória? Você cruzou a chegada com mais de 15 minutos na frente dos oponentes. É possível diminuir ritmo quando consegue uma vantagem como essa?

Eu escuto muito o meu chefe de equipe, o Dário Júlio, e peço muita opinião sobre como conduzir a prova. Administrei minha prova desde o primeiro dia, acelerei onde estava confortável e não atacava onde não sentia confiança, mas mantendo um bom ritmo. A partir da segunda perna da maratona, já tinha mais de 20 minutos na frente e, no final do dia, resolvemos, em conjunto com a equipe, que não precisava mais atacar, que era só levar a minha CRF 450RX bem para Aquiraz. Foi isso que fiz. Outra coisa que chamou a atenção nesta última edição do Sertões, foi a vitória de jovens pilotos nos carros e nas motos, o seu caso. Você acredita que a média de idade dos pilotos no rali está baixando e que novos jovens pilotos podem surgir na modalidade?

É muito importante a renovação. Isso faz com que o esporte cresça e que novos ídolos apareçam. Fiquei muito feliz com a vitória do Lucas Moraes nos carros. Somos amigos e torço muito por ele. Acredito também que isso atrai novos pilotos e que aumentará o grid do Rally Cross Country, que está crescendo muito no Brasil.

E diante do confinamento, o que você está fazendo para se manter em forma até o retorno dos treinos com a moto e as competições? Para não perder o foco estou fazendo academia em casa, o meu personal está me passando uma programação de treino voltado para a moto e também o aeróbico com a bike, saio para dar algumas voltas mas com todo os cuidados em locais afastados sem a presença de pessoas, e cheguei a pedalar com o Bruno Crivilin, que ficou um tempo em casa treinando junto. Você se sente preparado para enfrentar o Dakar ou acredita ser melhor ter alguma experiência no Mundial antes disso?

Em relação ao equipamento e preparo físico e mental, acredito que estou preparado. Mas lá fora a navegação é muito diferente da que temos aqui. Lá, a navegação é por bússola, o famoso CAP. Preciso de contato com essa navegação antes de competir lá. Então, alguns treinos no Chile ou na Argentina e participar em algumas etapas do campeonato mundial seriam de suma importância para eu falar que estou completamente pronto para correr o Dakar.


Em virtude do surto do Covid-19 o calendário do Sertões 2020 foi alterado, e agora a largada está marcada para novembro. Na sua opinião, o que muda com essa nova data?

Acredito que a mudança foi importante, pois vai possibilitar que os pilotos possam treinar com mais tempo, que é fundamental, além de dar condições de prepararmos corretamente as motocicletas. Claro que só por terem confirmado a realização dos Sertões já me deixou muito feliz, pois existem grandes eventos que foram cancelados neste ano. E ainda não confirmaram se vai ser válido para o Mundial, e gostaria que fosse e para isso estou treinando e me dedicando muito.

De qualquer forma o Sertões é uma prova muito dura e sempre vai exigir demais dos pilotos, e com a intenção dos organizadores em tornar a prova ainda mais grandiosa, isso vai fazer com que eles trabalhem para construir um evento inesquecível. Penso que a nova edição vai ser mais difícil que a do ano passado, mas continua confiante, vou continuar treinando e aguardando que o evento se iníco, assim como o brasileiro. Estou doido para tudo isso passar e que possamos acelerar novamente nossas motocicletas.

Gostaria de aproveitar para agradecer primeiramente a Deus, por tudo que tem acontecido na minha vida; agradecer incansavelmente à toda minha equipe, a Honda Racing Rally Team, e todos que dividiram esse momento especial comigo; e também à minha família, namorada, todos que torceram por mim e meus patrocinadores, que sem eles nada seria possível: Honda, Pro Honda, ASW, DID, Michelin, Honda Seguros, Edgers, Grupo ATR Mais, Pontual, Shiro Capacetes, GaiaMX, Race Tech, Techride, BMP, Alex Design, Studio Fit Mais, Rita Nutri, Monk Mídia e BRC Escapamentos.





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