Race Test - Stark Varg 2025 - A moto off-road mais rápida do mundo
- DirtAction
- há 9 minutos
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A Stark Future, empresa sueca de motocicletas com sede na Espanha, lançou em 2023 o modelo off-road elétrico Stark Varg, que rapidamente se apresentou como uma das motocicletas da categoria mais eficientes e rápidas do motocross. E para esta edição nós tivemos a oportunidade de acelerar a nova versão do modelo que simboliza o futuro do esporte mundial.
Fundada em 2019, a Stark Future é a mais recente fabricante de veículos elétricos de duas rodas. Seu grande lançamento em 2023 foi a Stark Varg, que tem surpreendido o mercado mundial, vencendo provas internacionais, assim como o Campeonato Britânico de Arena Cross na temporada passada, mostrando grande capacidade e performance.
Sem contestação, a evolução dos veículos elétricos no mundo contemporâneo, tanto de quatro como de duas rodas, é uma realidade. Essa tendência é muito maior os carros, cujo sucesso de vendas temos acompanhado recentemente. Nas motocicletas, o crescimento tem sido mais lento, havendo maior resistência. Mesmo assim, os modelos elétricos ganhando mercado gradativamente, como aconteceu no setor de bicicletas, que contou com um longo período de adaptação, e hoje é uma realidade. Inicialmente, os modelos eletricamente assistidos não eram “bem vistos”, mas hoje têm grande aceitação do público.
Já tivemos contato com motocicletas elétricas de outras empresas, como a Zero e Alta, sem esquecer que grandes marcas, como a austríaca KTM, já oferecem modelos elétricos, tanto nas categorias de minimotos como com motores mais potentes. Pouco tempo atrás, a Honda apresentou a CRF elétrica, que chegou a participar do campeonato japonês e que tem participado de campeonatos outros internacionais da modalidade.
Mas penso que o modelo que mais tem chamado a atenção é a Stark Varg, que inclusive venceu o campeonato britânico de Arena Cross no ano passado, com o piloto Jack Brunell. O modelo oferece até 81 cv e 95,6 kgfm, cerca de 30% a mais – e o dobro de torque – das motos de motocross de 450cc, que apresentam cerca de 61cv (as mais potentes). E pesa cerca de 118 kg. Ela foi desenvolvida pelo francês campeão mundial Sébastien Tortelli e pelo americano Josh Hill, que inclusive participou com a motocicleta elétrica Alta no Red Bull Straight Rhythm de 2016, com grande desempenho.
Além disso, a entrega de potência do novo modelo é completamente ajustável, gerando aceleração suave ou agressiva. A autonomia da bateria (de 6,5 kWh) é de até 6 horas de pilotagem em condução suave, para uma trilha por exemplo, ou cerca de 40 minutos em uma pilotagem intensa – o tempo de uma prova de motocross. Lembrando que muitos fatores, além do estilo de pilotagem, interferem na autonomia, como relevo da pista, peso do piloto, temperatura etc. A recarga completa, segundo a Stark, pode ser concluída de uma a duas horas, dependendo do carregador e da corrente elétrica disponível.

“Quando eu andei com a Stark Varg pela primeira vez, foi um passo para o desconhecido. A primeira impressão veio da resposta instantânea, foi muito mais do que eu esperava”, comentou o diretor de testes e ex-campeão do mundo e do AMA Motocross Sébastien Tortelli, no lançamento da motocicleta. “No que diz respeito à suspensão e ao chassi, imediatamente me senti em casa. Esta é uma verdadeira moto de motocross. Tive de aprender sobre energia elétrica e fiquei surpreso com a rapidez com que me adaptei e de como é divertido pilotá-la”, completou Tortelli.
Segundo a fabricante, o modelo foi construído do trem de força ao chassi, para funcionarem perfeitamente juntos e otimizando cada componente para seu propósito. O powertrain é cercado pelo sistema de bateria, de produção da Stark, que é um dos mais compactos e “densos em energia” do mundo, ostentando 6,5 kWh com menos de 32 kg. Com tecnologia e ideias avançadas, a bateria, com estrutura de células hexagonais, fica em uma caixa de magnésio, com sistema de alívio de pressão. E a tecnologia Flying V, da Stark Varg, conecta todas as células diretamente à caixa resistente e à prova d'água, além de otimizar o centro de gravidade. Isso traz alta condutividade para a estrutura resfriada a ar, e o resultado é uma temperatura da bateria muito uniforme e regular – e sem o peso de um resfriamento líquido.

Por meio do brilhante aplicativo Stark Future – contido no smartphone/painel Stark Varg Phone, à prova d'água e resistente a choques, mantido no lugar por um robusto acessório – a curva de potência, o freio motor, o controle de tração e o peso virtual do volante do motor podem ser ajustados em alguns segundos. É possível armazenar até 100 modos de condução, sendo cinco deles selecionáveis através de um botão no guidão. O painel de instrumentos (Android), quando bloqueado na sua posição, carrega e comunica sem fios, mas ao ser retirado da moto, pode ser usado como um smartphone.
E você pode transferir os dados da sua pilotagem para outros dispositivos (Android e iOS), se conectar à internet (em mais de 150 países) e analisar os dados como tempo por volta, força G, velocidade, tempo de salto ou “airtime”, além de compartilhar percursos ou modos de pilotagem com os amigos, verificar o nível de carga da bateria e estimativa de autonomia e algumas facilidades de navegação. Mas alguns desses recursos só estão disponíveis através de um plano de assinatura premium.

Como toda a motocicleta, o chassi foi desenvolvido internamente e usa o motor como elemento da estrutura. O chassi de aço cromo-molibdênio é bem pequeno e leve (menos de 6 kg) e tem um subchassi dianteiro de fibra de carbono que suporta o para-lama dianteiro e o assento, otimizando a ergonomia sem flexões desnecessárias ou indesejadas, e com seu desenho canalizando o fluxo de ar para a bateria, motor e radiador localizado embaixo do assento. O subchassi tradicional é de alumínio aeronáutico. E uma carroceria revitalizada prioriza ergonomia, conforto e desempenho. A balança é de alumínio.
A suspensão é da Kayaba, desenvolvida para a Stark em conjunto com a Technical Touch, com 310 mm de curso. Os freios são da Brembo, com discos da Galfer – 260 mm de diâmetro na frente e 220 mm atrás. No fim, a distância livre do solo é 60 mm. Destaque também para as mesas em alumínio (7075, T6, forjadas e usinadas - CNC), cubos das rodas de alumínio (6082, T6, usinadas, CNC), aros de alumínio (7050, T6), raios de aço de alta qualidade feitos na Itália e pneus Pirelli MX32.
Há ainda um inovador ajustador de corrente com sistema de clique (eliminando a medição), que no lado direito apresenta a porca do eixo da roda integrada, eliminando a protuberância de uma porca tradicional, que poderia ser atingida em cavas profundas ou pedras. Até os pedaleiras são especiais: peças fundidas em aço inoxidável especial, material resistente a ferrugem que é 40% mais resistente do que titânio ou aço cromo-molibdênio, e são mais leves do que qualquer pedal de modelos de série. O processo de instalação também é simples, pois a Stark eliminou a necessidade de um pino de trava.
COMPORTAMENTO - Depois de conhecer as características do modelo, chegou a hora de colocar essa motocicleta no seu habitat e entender seu comportamento e capacidade. Para isso nós contamos com a pilotagem do piloto e instrutor Pedro Roque.
“Tive a oportunidade de andar e testar o modelo, e posso afirmar que estava muito curioso sobre sua performance. Já tinha visto vários modelos lançados anteriormente, mas nada me surpreendeu. Mas fiquei muito surpreso com a performance da Stark. A primeira impressão é que a moto é muito estreita e tem um acabamento impecável. Assim que recebemos a moto, pudemos ver a atenção dada aos detalhes, como peças de alumínio usinadas, pedaleiras superleves e até partes em fibra de carbono.
Quando cheguei na pista, senti a moto um pouco pesada quando a movimentei, como para tirá-la da van e colocá-la no cavalete. Mas essa sensação foi embora quando entrei na pista. Mais incrível foi que nas primeiras voltas eu me senti confortável na moto, saltando com facilidade e ficando surpreso com a facilidade também na pilotagem.

A moto tem muitas opções de regulagem, tanto na potência quanto no freio motor. Comecei respeitando bastante, com 50 cv, mas a moto ficou muito forte, transmitindo a sensação de ser mais forte do que uma 450. Isso se deve à forma que a potência é entregue. Afinal, não tem embreagem nem câmbio para dosar ou controlar, todo o controle está na mão direita, no acelerador. Acima dos 50 cv tem que ter uma pilotagem bem mais suave e dosada, pois se enfiar a mão de uma vez, como a entrega de potência é instantânea, a moto pode sair debaixo.
Falando da performance em geral, a moto é muito estreita – achei até demais nas primeiras voltas – e a tração é ótima nas curvas, deixando a frente bem grudada e proporcionando bastante segurança. Vale ressaltar que ela é mais fácil de pilotar e o piloto cansa menos, porque não é preciso se preocupar com embreagem e marcha correta, principalmente nas curvas e canaletas.
Os freios são da Brembo, os mesmos da KTM, que são reconhecidamente os melhores do mercado, com performance precisa. As suspensões são Kayaba, as mesmas da Yamaha, extremamente boas, super testadas e a única que se manteve com molas (helicoidais) todos esses anos. Então, são super precisas e estão perfeitamente reguladas para a geometria e peso da moto.
Uma questão que todos querem saber é o quanto dura a (carga da) bateria. Na pista que andamos, com diferentes mapas e em treinos de 15 minutos em média, a bateria foi de 96% para 10% em 1h15. Quando a carga chega em 10%, a moto entra em um modo ‘segurança’, diminuindo a potência para que o piloto volte para a casa, se ele estiver em uma trilha, por exemplo.
Resumindo, gostei bastante da moto, e penso que a Stark Varg tem uma motocicleta elétrica competente e de ótima performance, totalmente competitiva. Assim que os regulamentos permitirem sua entrada nas competições, acredito que veremos muitas delas.
O mundo afirma que esse é o futuro, que os veículos elétricos são a solução de muitos problemas. Da minha parte, posso dizer que o modelo me impressionou, que ele realmente tem performance e é divertido e fácil de pilotar.”
Fotos Celestino Flaire Jr.