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DirtAction

Entrevista Especial - Enzo Lopes


O piloto gaúcho enfrentou uma temporada complicada, com o abandono do campeonato americano de supercross quando estreava em nova equipe, a Star Yamaha Racing, em virtude de lesão no braço. Convocado para integrar a equipe brasileira no Motocross das Nações, ele conquistou resultados incríveis, assim como a 13ª posição da equipe, a melhor na história da prova.


Enzo Lopes tem tido uma carreira internacional incrível, competindo nos campeonatos dos Estados Unidos, onde integrou grandes equipes e obteve grandes resultados. E nesta temporada chegou ao ápice da sua carreira ao ser contratado pela poderosa equipe Star Yamaha Racing, com condições de melhorar seus resultados nos campeonatos, mas uma antiga lesão no braço lhe obrigou a se afastar das competições, buscando a recuperação.


Perdeu os campeonatos americanos, mas chegou a participar em provas no Brasil, como no Arena Cross e no Brasileiro de Motocross. E foi no final do ano que ele mostrou todo o seu talento, quando integrou a equipe brasileira no maior evento de motocross do mundo, o Motocross das Nações, onde o Brasil conquistou a vaga para as provas finais de forma direta. Enzo foi brilhante e contribuiu para o melhor resultado do País no Nações, o 13º lugar.


Assim, não poderíamos deixar de conversar com esse piloto que passa por um dos seus piores momentos quanto à condição física, mas que continuou enfrentando esse desafio com a garra e determinação que lhe é peculiar, que lhe fez conquistar um grande respeito em nível internacional. 


Nesta entrevista, focamos o Motocross das Nações, em seu retorno à competição internacional em grande estilo.


DA – Como foi receber a convocação para o Motocross das Nações, que aconteceu entre os dias 4 a 6 de outubro na Inglaterra?

ENZO – Foi incrível. Receber a convocação para representar o Brasil é sempre um sentimento único. Fiquei muito, muito feliz, por mais que este tenha sido um ano atípico para mim, com uma lesão que não me permitiu correr muito. Ser convocado pelo comitê para representar o Brasil é gratificante – foi minha quarta ou quinta convocação. Só estando lá, representando a nossa nação, para as pessoas realmente sentirem o que é isso.


Neste ano, a equipe foi selecionada e enviada à prova pela própria Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM). O que achou dessa novidade?

É um comitê. Enfim, um time. Foi organizado pelo Guilherme Kyrillos, Cale Neto e pelo Fernandinho Silvestre, além do (Gustavo) Jacob (presidente da CBM), o Firmo (Henrique Alves) e outros. Eu tenho conversado com a organização, e tudo está corretíssimo. Achei muito bacana. Espero que siga assim pelos próximos anos. Enfim, acho que o Brasil e o nosso esporte merecem isso, assim como os pilotos e o público. Estou achando essa novidade muito boa, é o início de uma nova fase do esporte nacional.


Foto Alberto Barbosa

A comissão técnica enviada para o Nações foi composta pelo Kyrillos, Cale e o Fernandinho. Como foi a preparação para a prova com eles?

Na verdade, todas nossas primeiras discussões foram sobre a organização, sobre as motos. Falei um pouco do que li sobre a pista, o terreno, a diferença e a escolha dos pneus, algo sobre o setup das motos, se eu levaria ou não a minha suspensão. Enfim, a gente organizou tudo isso.


Você competiu na categoria MXGP, com motos de 450cc. Como foi sua preparação com a motocicleta e qual foi a estrutura?

Fui na categoria casca grossa, e a minha preparação foi muito boa. Me senti muito bem com a 450. Comecei a treinar com ela uns três meses antes da prova e no início foi um pouco diferente, porque andei minha vida inteira de 250, mas acho que meu estilo de pilotagem, que é mais suave, se encaixou bem. Quanto à estrutura, tivemos o suporte da equipe Yamaha VRT, equipe satélite que participa do Europeu EMX250. 


Nesta temporada, você esteve praticamente afastado das competições, em virtude de um problema no braço. Como está sua recuperação?

Minha recuperação tem sido boa, mas muito lenta. Na verdade, já faz quase um ano que foi realizado o procedimento errado no meu braço, mas acho que tudo acontece por um motivo. Meu braço não está 100% e acredito que nunca mais vou terei a mesma força nos dedos, mas está bem melhor do que antes. Então, só tenho que agradecer a Deus e continuar trabalhando para que eu consiga continuar fazendo o que mais amo na vida.


O que achou da convocação de Fábio Santos e Bernardo Tibúrcio como companheiros de equipe para o Nações?

São pilotos extraordinários. Os resultados deles neste ano no Brasileiro falam por si só. A equipe teve um potencial muito, muito grande. Eu fiquei muito feliz de ter tido eles como companheiros de equipe neste ano.


Você teve problemas na prova classificatória do Nações no sábado. O que aconteceu?

Pra começar, no sábado a pista estava super difícil e o pneu estava bem mole. Mas estava me sentindo super bem, tanto que fui o primeiro a entrar na pista no primeiro treino, junto com o (Eli) Tomac, e dei umas três voltas com ele – não é qualquer um que pode falar isso, né? (Risos) Brincadeiras à parte, eu tive uma largada muito ruim na corrida classificatória, mas aproveitei bastante a primeira volta, quando fiz algumas ultrapassagens e já estava em 13º. No momento do incidente, eu tinha já colocado a roda dianteira à frente de um outro piloto, que não sei quem era. E, infelizmente, nossas canaletas se juntaram. Talvez eu pudesse ter segurado, mas como eu já estava um pouco na frente, não segurei, e ele veio e bateu em mim, no meu lado de fora, arrancando a pinça do freio traseiro e também estourando alguns dos raios da roda. Nós dois caímos. Eu até levantei rápido e, se tivesse sido só a queda, talvez eu teria me recuperado para uma posição ainda melhor. Terminei em 22º. Arrancando meu freio e do jeito que estava a pista, era quase impossível, ou pelo menos muito difícil, andar naquelas condições. Fiz o que deu e ainda consegui receber a bandeirada. Levei algumas voltas pra me recuperar, mas no geral achei que andei super bem. Com os resultados dos meninos (Fabinho e Bê Tibúrcio), esse meu resultado foi descartado depois e deu tudo certo.


Tudo ocorreu bem no domingo e você conquistou bons resultados para a equipe. Como foram as provas finais?

Bom, como postei no meu Instagram, nada como um dia após o outro! No domingo as coisas foram bem melhores. Assim como no sábado, estava me sentindo super bem, mesmo com o incidente na classificatória. Sabia que se tivesse largadas boas, nem o céu seria o limite se eu e os meninos tivéssemos resultados bons, o que acabou acontecendo. Na primeira bateria, com o Bê, tive uma largada razoável. Minha única dificuldade foi o chuvisco que estava caindo, uma garoa que prejudicou muito os óculos e a visão. Fiquei em 12º durante a maior parte da bateria, e estava perto dos top 10 de novo. Só que, a partir da metade da bateria, já estava sem tear off e não queria tirar os óculos, por causa das pedras. Então, acabou que eu estava em 11º ou 12º e, faltando uma volta para o fim, acabei varando pra fora do quádruplo – pulei três e fui pra fora da pista. Errei ali porque não enxergava mais nada. Perdi três posições na última volta, faltando meia pista. Eu poderia ter tirado os óculos ou ter parado no Goggle Lane, mas nem pensei nisso. Olhando pra trás agora, essas três posições que perdi colocaria o Brasil em 12º lugar. 


Na última bateria  com o Fabinho, fiz uma largada novamente mediana, tipo 12º, e fiquei ali a corrida inteira, numa velocidade super boa. Eu até encostei no (Ken) Roczen, mas naquela altura eu estava com os braços um pouco travados. Estava com uma suspensão traseira original, fora que a pista estava bem difícil. Olhando pra trás agora, acho que poderia ter arriscado mais. Quando penso nisso, me dá um pouco de raiva, acho que dava para ter passado o Roczen, pelo menos. Passei o Maxime Renault, que cometeu um erro, e fui para o décimo lugar naquela hora, mas um retardatário travou numa canaleta e acabei batendo atrás. Parei a moto, ele me passou de volta e eu terminei em 11º. Ainda assim, foi um dia fenomenal pra mim, nono lugar na geral da categoria.


O Brasil esteve perto de fechar no top 10 neste Nações, mas vocês conquistaram o melhor resultado do país. Como foi voltar para casa com esse incrível resultado?

Nossa, voltar pra casa com um resultado tão bom, o melhor da história, foi gratificante! Muita gente sabe tudo o que eu passei neste ano, e acho que Deus e o Universo têm sempre o que é melhor e o que é certo pra nós. Voltar com um resultado histórico pro Brasil foi um sentimento muito bom pra mim, pro Bê e pro Fabinho. A gente ficou muito perto do top 10, eu poderia ter ido um pouco melhor, poderia ter tirado os óculos... Os meninos também poderiam ter ido um pouco melhor. Enfim, as coisas são como são e acho que no ano que vem a gente tem tudo pra brigar pra estar entre os top 10. Eu gostaria de incutir na equipe do Brasil a realidade de que a gente não é só uma equipe que está lá pra se classificar, mas pra fazer um resultado bom.


O que achou da sua Yamaha? Como ela se comportou durante a prova?

Minha moto estava incrível, toda original, exceto a suspensão dianteira, que levei do Brasil e já estava acostumado. Nada mais. A suspensão traseira, que estava me batendo bastante, era original. Até o Phil, meu ex-companheiro de equipe, disse que se tivesse uma suspensão melhor eu ganharia 2 segundos por volta. E 2 segundos por volta é outra coisa. Mas a gente lutou com as armas que a gente tinha. Nas largadas também, eu gostaria de ter uma moto um pouco melhor. Fora isso, a moto se comportou super bem, e algumas coisas vão muito do piloto também.


Para finalizar, quais são os planos para 2025?

Planos para 2025, não sei. O plano agora é viver o momento, correr o Supercross Global, e depois decidir o que vai ser feito.


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