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A DÚVIDA: 250 ou 450?

Durante muitos anos os modelos com motores quatro tempos de 250 cilindradas dominaram as pistas de motocross, mas nos últimos anos as 450 cc caíram no gosto popular e passaram a ter espaço maior no esporte, em parte por se tornarem mais controláveis. Mas qual é a motocicleta ideal para a prática do esporte? Confira a seguir algumas informações importantes que podem ajudar você escolher a sua próxima motocicleta para o motocross, se uma 250 ou uma 450.


Durante a era de domínio das motocicletas com motores dois tempos (2T), em 1998 foi lançada a Yamaha YZ 450F, com motor de quatro tempos (4T) de alta rotação, mas poucos apostaram na época que esses propulsores predominariam no esporte. Hoje, apesar de algumas fábricas oferecerem modelos com motores 2T, os 4T ditam as regras no motocross. Com o sucesso do modelo da Yamaha, pouco a pouco as demais fábricas passaram a produzir motocicletas 4T e a expandir a linha. Todas as marcas oferecem atualmente modelos 4T, mesmo aquelas com tradição no enduro, modalidade onde os motores 2T são bem aceitos. Com as 4T consolidadas, as motocicletas mais vendidas eram as de 250 cc, que concorriam e praticamente substituíram as 125 cc 2T, em parte porque eram mais leves e mais controláveis do que as 450 cc, que entregavam rapidamente muita potência, de forma que chegava a assustar alguns, além de exigirem melhor condicionamento físico.

Claro que a recomendação para quem está ingressando no esporte é um modelo mais "manso" e acessível. Nesse caso, os modelos nacionais são os mais recomendados, como a Honda CRF 250F e a Yamaha TT-R 230, pois permitem que os iniciantes aprendam técnicas com mais tranquilidade e controle. Depois que se sentirem mais confortáveis e confiantes, será hora de partir para modelos mais específicos para o esporte, tanto nacionalizados como importados, mais capazes e velozes, construídos para competição e com tecnologia atual. Aqui encontramos três opções de motorização: 250, 350 e 450 cc. No entanto, a variedade das 350s é menor, pois somente GasGas, Husqvarna e KTM oferecem essa cilindrada no motocross em nosso mercado.

MUDANÇA DE RUMO - Motos de 250 cc dominavam as pistas do país desde o relançamento das 4T – a quantidade de 250 era praticamente o dobro de 450. Essa situação deixava os gates das provas das motos de 450 cc esvaziados. E isso não acontecia somente no Brasil, mas em todo o mundo. Tanto que a austríaca KTM lançou em 2013 uma motocicleta com cilindrada intermediária, a 350 SX-F, mais potente que a 250 e sem a estupidez da 450. Interessante foi que a própria Federação Internacional de Motociclismo (FIM) cogitou lançar a categoria 350 cc no Mundial de Motocross, substituindo a 250 e a 450. Num certo momento pareceu que os modelos de maior cilindrada estavam condenados no motocross.


Mas o rumo dessa história mudou quando as fábricas decidiram produzir motocicletas de 450 cc mais "mansas" e controláveis, sem aquele “soco” que assustava os praticantes. Ao invés de buscar maior potência, a prioridade mudou para maior controle, e nos últimos anos as motocicletas se tornaram domáveis, com entrega de potência mais progressiva. Aqueles “monstros” da terra se tornaram mais fáceis de serem conduzidos e o consumidor passou a olhar essas motocicletas com outros olhos. A mudança no comportamento dos motores de 450 cc atraiu mais adeptos e as vendas começaram a crescer pelo planeta. E a possibilidade de outras marcas desenvolverem um motor de cilindrada intermediária não saiu da prancheta. 

O público mudou a opinião que tinha sobre as 450s, e hoje elas são mais vendidas do que as 250s. Eu mesmo sou um exemplo. Sempre tendo acelerado modelos de 125 cc 2T, adquiri em 2003 uma 250 4T e durante muitos anos não me imaginava acelerando uma 450. A cada teste que participava, mais ficava convencido disso. Até testar a Kawasaki KX 450F 2016, modelo que havia sido totalmente renovado. Já nas primeiras voltas eu percebi que a moto estava mais dócil e fácil de pilotar, e rapidamente me senti confortável, confiante e seguro na motocicleta. E desde então eu nunca mais tive uma 250. 


Pude participar em outros testes de modelos de 250 cc e, apesar deles terem melhorado muito desde o último que tive, me identifico mais com a 450. Com ela, minha pilotagem é mais eficiente, não preciso manter giros altos como em uma 250 e canso menos. Claro que é preciso respeitar os mais de 60 cavalos em uma pista de motocross, pois a 450 dificilmente aceita erros. No entanto, depois que se acostuma com a sua tocada, acho que poucos sentirão saudade da moto de menor cilindrada. Sim, a 250 é divertida e um pouco mais leve, mas me sinto melhor com a 450. 


Outro fator a ser considerado é a manutenção. Na 250, algumas peças do motor devem ser trocadas depois de cerca de 30 horas ou um ano de uso, como corrente do comando de válvulas, pistão, anéis e outras; já na 450, algumas peças suportam maior tempo e determinadas trocas podem ocorrer mais tarde, às vezes durando quase o dobro (ou mais) do tempo de uma 250. Claro que a manutenção depende da pilotagem e do terreno (se anda mais na areia, lama etc.), mas geralmente o intervalo de manutenção na 450 é prolongado em grande parte porque poucos pilotos utilizam toda a potência do motor – sim “sobra” cavalos e dificilmente você vai conseguir aproveitar o máximo do motor durante muitos segundos.

Portanto, para quem possui experiência no esporte, o conselho é optar por uma 450, mesmo não sendo um piloto profissional ou treinando com menor frequência. Se respeitá-la, terá muito prazer e se divertirá ao pilotar, principalmente nos saltos, onde ela exige pouco espaço para ultrapassá-los. Para os iniciantes, o conselho é a 250, que também é rápida, um pouco mais leve e admite alguns erros. 


Mas não há consenso, pois tem pilotos experientes que preferem a 250, inclusive campeões, como a lenda do motocross Jorge Negretti. Assim, abrimos espaço para a opinião de outros pilotos. Convidamos três campeões brasileiros da categoria MX2 (para motocicletas de 250 cc) que aceleram na categoria MX1 (450 cc): Fábio Santos, piloto da Yamaha; Gustavo Pessoa, da JP Pro Honda Circuit; e Hector Assunção, da GasGas. E também nosso colaborador e campeão paulista Guilherme Lima. Esperamos que a opinião deles colabore na sua decisão entre uma 250 ou 450 de motocross.


FÁBIO SANTOS/YAMAHA - "Os fãs de motocross me perguntam muito sobre isso, em parte pelo meu estilo de pilotagem. Prefiro andar de 450, mas na minha opinião, para quem está começando ou não tem muita prática, a 250 é a opção melhor, por ter menos potência, ser mais leve e ter maior agilidade, além de poder se divertir mais e ter menor risco de se machucar. A 450 é bem bruta para quem não tem muita experiência!"


GUSTAVO PESSOA/JP PRO HONDA CIRCUIT - "Para pilotos que estão procurando uma moto um pouco mais leve, com potência regular e gosta de uma pilotagem mais agressiva, a 250 é ideal. Para pilotos que preferem uma moto mais potente, com conforto para saltar e tem uma pilotagem suave, a 450 é a moto ideal. Mesmo depois muitos anos pilotando as 250s e hoje pilotando uma 450, posso afirmar que não tenho preferência. Gosto de andar com os dois modelos."


GUILHERME LIMA - "Bom pessoal, sempre temos essa grande dúvida na hora de trocar ou comprar uma nova moto. Hoje em dia, as 450s ficaram muito mais dóceis e fáceis de pilotar, o que faz aumentar a dúvida. Uma coisa muito importante é o piloto ser consciente de suas habilidades e experiência. Não caia na conversa de um amigo, que muitas vezes quer convencê-lo do que é melhor. As novas 450s, apesar de mais fáceis de pilotar, são muito fortes e podem nos levar ao chão com muita facilidade. Acredito que um piloto novato ou que está saindo das minimotos ou modelos nacionais deve passar para a 250. É a melhor forma de adquirir contato com os novos modelos e se adaptar à maior potência e pilotagem. Depois de dois anos ou mais, poderá pensar em se aventurar nas 450s. Deve-se levar em conta também o peso e tamanho do piloto. Um piloto muito leve pode ficar bastante vulnerável na 450. Observamos isso até mesmo nos pilotos profissionais, que ganham peso quando mudam de categoria. Devemos respeitar muito o motocross e seus riscos, e isso significa ter bastante consciência na hora de pilotar. É isso aí, galera. Bom rolê e aproveitem!"


HECTOR ASSUNÇÃO/GASGAS - "Acho que essa escolha vai muito da experiência que o piloto tem. Se ele estiver saindo de uma moto nacional, com certeza a melhor opção é a 250, assim como um piloto mais jovem saindo da categoria de base. Se o piloto tem porte físico pequeno e é mais leve, é mais vantajoso pegar a 250, por esta ser mais leve e ágil. Para pilotar a 450, o cara precisa ter muita experiência, já tendo andado bastante de motocross e com muitas horas de 250. Se ele sentir vontade de ter uma moto mais forte, pois está sentindo falta de motor para ter maior diversão, então pode comprar uma 450. Tem de seguir a sequência: andar muito de 250 e, quando sentir falta de motor, pegar a 450. Mas ela é bruta e você se machuca quando ela lhe derruba. A pessoa tem de ser mais forte para encarar toda a potência de uma 450. Não é fácil domar a fera, e qualquer bobeada ela derruba o piloto. Mas se a pessoa for mais pesada ou tem porte físico maior e já tem experiência com a 250, pode ser a hora de pegar uma 450." 


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Esperamos que essas informações possam colaborar na sua escolha, se uma motocicleta de 250 ou de 450 cc. No geral, se você é um iniciante, a recomendação da motocicleta ideal para praticar o motocross certamente é a 250; já para aqueles mais experientes, que aceitam a tocada da 450, com certeza essa será sua próxima motocicleta, por oferecer menos esforço na pilotagem e ter custo de manutenção menor. De qualquer forma, lembre-se que você deve ficar sempre confortável em uma motocicleta, independente da cilindrada. E, claro, que em qualquer treino ou corrida, você deve estar com o preparo físico em dia e com equipamento completo.


Fotos Idário Café e Camilha Flaire


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