Tecnologia no motocross
A eletrônica chegou nas motocicletas off-road, mas de um modo diferente do que vemos nas motocicletas superesportivas ou big trail. Isso só foi possível com a introdução da injeção eletrônica e ECU (Unidade de Controle do Motor). Apesar de vermos hoje motores dois tempos com injeção eletrônica, essas tecnologias foram disponibilizadas quando a indústria apostou nos motores quatro tempos de alta rotação.
A Honda CRF 450R 2020 é um modelo vencedor, atual campeã mundial de motocross, com o piloto esloveno Tim Gajser. E sim, é o modelo com mais recebeu recursos eletrônicos. Neste primeiro espaço falaremos de algumas tecnologias encontradas na Honda CRF 450R: HSTC, HRC Launch Control e EMSB.
Antes, precisamos pontuar que as regras nas principais competições limitam os recursos eletrônicos no off-road. Por exemplo, (ainda) não é permitido suspensões eletrônicas ativas e sensores nas rodas. Assim, você não vê freios com sistema antibloqueio (ABS) em motocicletas off-road. Mas alguém iria querer esse sistema na sua roda traseira? Brincadeira à parte, o ABS poderia abrir possibilidades para iniciantes, como ABS dianteiro para uso no off-road, nas descidas íngremes escorregadias, ou níveis de intervenção selecionáveis etc. No entanto, a introdução de muitos recursos eletrônicos certamente elevaria o peso e preço da motocicleta. Mas chega de devanear.
HSTC (Honda Selectable Torque Control) - Simplificando, para nós é o famoso controle de tração, uma novidade na CRF 450R 2020. Essa tecnologia chegou sem muito alarde, mas é um recurso que pode muito bem ser combinado com os modos de potência, que veremos a seguir em EMSB. Ele funciona diferente dos sistemas que atuam com sensor na roda, mas o objetivo é mesmo: minimizar o destracionamento do pneu traseiro – no nosso caso, para sermos mais rápidos, evitando a derrapagem da traseira quando em forte aceleração. Podemos dizer que o sistema entende que a roda perdeu tração quando a rotação do motor sobe repentinamente, e a eletrônica intervém e comanda o retardamento do tempo de ignição.
São 3 os modos: no modo 1, o sistema intervém de maneira suave e progressiva; no modo 3, a atuação do sistema ocorre de maneira mais rápida e intensa, indicado para terrenos escorregadios; e o modo 2 é o meio-termo. Sim, o HSTC pode ser desligado, e quando o motor é ligado o sistema assume o último modo utilizado.
HRC LAUNCH CONTROL - O sistema eletrônico de largada também tem três níveis. Segundo a Honda, o nível 3 é indicado para largada em pisos com lama (ou de asfalto) ou para pilotos iniciantes; o 2 é para piso seco ou pilotos intermediários; e o 1, para pilotos experientes.
O sistema é diferente do encontrado em modelos concorrentes, pois limita a rotação do motor, ao invés de retardar a ignição em rotações de largada e reduzir a potência. Assim, o nível 3 está limitado em 8.250 rpm, o 2 em 8.500 rpm e o 1 em 9.500 rpm.
O sistema é desligado quando você engatar a 3ª marcha, quando ultrapassar uma rotação equivalente à metade do curso do acelerador e "fechar" o acelerador ou quando simplesmente fechar o acelerador depois de largar (ao frear na primeira curva, por exemplo). Para os pilotos amadores "das antigas", vale dizer que não pode mais dar aquelas aceleradas para "limpar" o motor e intimidar os correntes, pois o sistema vai desligar. Mas uma vez acionado o sistema de largada, basta que a aceleração não passe do meio-curso para que não desligue.
EMSB (Engine Mode Select Button) - É o que chamamos de "modo de potência", que regula a entrega dos 62 cavalos da CRF 450R entre três mapas de ignição: Standard, Suave ou Agressivo. Normalmente, escolhe-se o modo conforme as condições da pista. Assim, no modo 2 a potência e o torque são entregues de forma mais suave e, portanto, indicado para pisos escorregadios; e o modo 3 é indicado para areia fofa, por exemplo. Vale completar que os mapas em geral pode ser personalizados (através de um acessório da Honda) e que um sensor de posição da marcha permite o uso de mapa específico para cada uma das cinco marchas.
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