Entrevista - Renato "Mamão" Martins - Grupo Nacar

Uma das empresas mais tradicionais do mercado nacional, o Grupo Nacar, com mais de 40 anos, tem atualmente 15 lojas físicas, 10 e-commerce, 8 concessionárias Yamaha e uma Suzuki. Ela também representa marcas de equipamentos, como Shoei e Nolan, entre outras.

Sob a gestão dos irmãos Carlos Alberto "Gadó" Martins e Renato "Mamão" Martins, que durante anos competiram sobre duas rodas, a empresa tem investido pesado nas competições e é uma das concessionárias da Yamaha que comercializa modelos racing da marca, que também tem inovado com projetos e eventos, como o programa bLU cRU. Conversamos com um dos sócios, o amigo e parceiro Mamão, que fala sobre os anos tumultuados com a pandemia e guerras, mercado, produtos e competições. 

DA – Depois do planeta passar por uma pandemia e agora enfrentar duas guerras, que impactaram a economia mundial, como foi comercialmente a temporada 2023 para a Nacar Yamaha?

RENATO – O ano de 2023 foi de muitos desafios, começando pela nova política, gerando incertezas e insegurança. Mas a fábrica nos sinalizou uma grande produção e tivemos um primeiro semestre regular e um segundo semestre que começou forte, com bastante produto, porém esbarramos com o alto índice de inadimplência no mercado, repercutindo em altas taxas bancárias e falta de crédito. Isso arrefeceu as vendas. Em seguida veio a crise hídrica em Manaus (AM), que praticamente reduziu a zero a produção das motocicletas por dois meses. Assim, terminamos o ano com uma redução considerável no volume de vendas.

A Nacar Yamaha é uma das concessionárias que comercializa produtos off-road da marca. Como tem sido a aceitação das motos racing?

A Nacar é um dos três grupos no Brasil que são exclusivos na venda de motocicletas off-road importadas. Os produtos da Yamaha têm hoje um apelo premium, de alta performance, além da fábrica proporcionar várias vantagens para o consumidor ter uma experiência única, assim como benefícios financeiros para pilotos vencedores. Com isso, o consumidor valoriza a compra dos nossos produtos.

Entre os modelos oferecidos, qual é o sucesso de vendas na linha racing?

O sucesso de vendas da nossa linha é a Yamaha YZ450F, o modelo mais utilizado nas competições de alta performance.

A linha off-road 2024 já está sendo comercializada. O que os consumidores podem esperar da Nacar Yamaha para adquirir seu novo modelo?

Sobre a linha 2024, uma grande parte dela já está disponível para entrega, lembrando que o Grupo Nacar sempre faz questão de ter grande estoque desses produtos e facilitar a compra para seus consumidores, fomentando o esporte.

Em 2023, a Yamaha conquistou inúmeros títulos nacionais, como no rali, motocross e Arena Cross. Como esses resultados contribuem para os negócios da empresa?

Os títulos conquistados pela Yamaha na maioria dos campeonatos são fruto de um trabalho da demonstração de quanto nossos produtos são de alta qualidade e performance. Ele é feito pela fábrica e pela equipe oficial, com pilotos extremamente competentes, e resulta na confiabilidade dos nossos produtos e no programa de benefício aos usuários das nossas motocicletas.

A Yamaha lançou recentemente a YZ125 bLU cRU Cup, onde 15 pilotos irão competir em etapas no Brasileiro de Motocross e o vencedor participará na Superfinale, no Motocross das Nações? O que pensa dessa novidade?

A nova Copa YZ125 chegou em um bom momento. Estão surgindo novos talentos, jovens pilotos que, de certa forma, ficariam travados em categorias muito avançadas de alto custo, impedindo a evolução e a revelação de grandes pilotos. Com certeza será um campeonato que irá proporcionar grandes chances de revelar novos  talentos a um custo bem razoável, nunca visto antes, graças à iniciativa privada em conjunto com a fabricante.

Por falar no bLU cRU, programa de incentivo que entra na sua sétima temporada em 2024, como ele tem contribuído para o mercado nacional?

O programa bLU crU é único, exclusivo para pilotos consumidores da marca, uma ideia revolucionária que proporciona aos pilotos vencedores grandes prêmios, financeiramente vantajosos. Há casos de pilotos vencedores que no final da temporada acumularam valores de uma motocicleta – que no final do ano saiu de graça. Além disso, pilotos não tão vencedores também recebem quantias em dinheiro e benefícios em peças, que de alguma forma se beneficiam financeiramente e conseguem reduzir suas despesas com o esporte. Sem dúvida nenhuma, é um projeto de sucesso que a cada dia conquista novos consumidores.

Atuando no mercado motociclístico há muitos anos, além de ser praticante, você acredita que o esporte evoluiu? O que é preciso mudar para atrair mais praticantes do off-road?

Além de empresário do setor, sou motociclista há muitos anos e vejo uma evolução  tímida, ocasionada pela falta de incentivo do poder público, alto custo nos equipamentos e motocicletas – devido às altas taxas de importação –, falta de incentivo de algumas fábricas e poucas escolas reveladoras de novos talentos. Hoje, se o garoto não tem um pai rico ou louco por motos, capaz de vender seu próprio carro para patrocinar a carreira do filho, o esporte não evolui. Isso, porém, é a minoria. As fábricas deviam dispor de motos mais econômicas para prática do off-road, e claro que sem incentivo governamental isso será impossível. Quem sabe em um futuro próximo não teremos um presidente trilheiro (risos)?